Em virtude do enorme conhecimento do setor (campismo e (auto)caravanismo) e da vasta experiência acumulada ao longo de várias décadas, a FCMP assume uma posição privilegiada sobre esta atividade. Em virtude desta condição, chamou a si a responsabilidade de acompanhar e influenciar, positivamente, o processo de afirmação nacional de uma nova oferta centrada, em exclusivo, no autocaravanismo.
Ainda antes do enorme impacto provocado pela pandemia sanitária (Covid-19), já a FCMP cuidava de estudar e acompanhar a evolução do autocaravanismo na Europa e em Portugal, sendo o facto mais relevante das tendências observadas a este propósito o incremento progressivo dos espaços dedicados às autocaravanas no âmbito dos Parques de Campismo e Caravanismo (acomodando as respetivas estações de serviço). Contudo, a circunstância única e verdadeiramente impactante que a pandemia sanitária provocou à escala global e, concretamente, em Portugal, acelerou de forma significativa a procura de autocaravanas (aquisição ou aluguer), reforçando as dinâmicas de crescimento que se vinham observando ao nível do autocaravanismo e, evidentemente, de maior pressão sobre os principais destinos turísticos nacionais.
De forma sintética, o compromisso da FCMP com o Turismo de Portugal, no contexto da RNASA, compreendia os seguintes objetivos estruturais:
- Garantir o cumprimento dos requisitos técnicos de funcionamento das ASAs (processo de homologação, conforme regulamento específico desenvolvido pela FCMP);
- Qualificar os serviços e facilities, os sistemas e equipamentos das ASAs (propostas de novas soluções tecnológicas e inteligentes de acesso e controlo dos espaços físicos);
- Promover a oferta nacional de ASAs (portal público promocional do campismo e do autocaravanismo, sob a marca ‘outdoor routes’);
- Potenciar a reserva/ compra de lugares nas ASAs (desenvolvimento de um sistema integrado de reserva/ compra exclusivo deste perfil de oferta);
- Monitorizar a operação das ASAs (criação de um dashboard específico com informação agregada desta atividade).
De facto, a oportunidade conferida pela execução do projeto Camping 2.0, de onde resultou a plataforma digital Outdoor-Routes, permitiu acomodar o esforço assumido pela FCMP em integrar a RNASA e dar resposta ao desafio empreendido pelo Turismo de Portugal e pela Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo (território-piloto) de estruturar e dinamizar este (novo) produto.
Para o efeito, foi concebido um modelo de nova geração para as ASAs, que permitisse aumentar o seu potencial de mercado (possibilidade de efetuar previamente a reserva/ compra de lugares nas ASAs), à semelhança do que acontece noutros subsetores de atividade turística, com a particularidade de a solução proposta para as ASAs operar sem presença humana, respondendo também ao perfil desta oferta em concreto.
O processo de desenvolvimento conceptual da solução proposta e a sua operacionalização propriamente dita revelou-se mais exigente que o expectável, criando enormes desafios do ponto de vista técnico e operacional e que implicaram um maior esforço financeiro por parte da FCMP.
O esforço exigido à equipa de desenvolvimento passou, entre outros, por garantir:
- Integração com o gateway de pagamentos (cartão de crédito e MB);
- Criação de sistemas de faturação automático e respetivo processo de ‘encontro de contas’ entre a FCMP e as respetivas entidades gestoras das ASAs;
- Implementação do fluxo do cancelamento de reservas, de modo a que a faturação e os pagamentos sejam repostos (emissão de notas de crédito e gestão dos reembolsos);
- Gestão da disponibilidade dos vários lugares das ASAs ao longo do ano;
- Gestão dos preços por época e definição de dias de indisponibilidade (permitir a personalização do serviço às entidades gestoras);
- Integração das reservas com as barreiras físicas automáticas instaladas nas ASAs.
Paralelamente, foram acomodados, do ponto de vista técnico, os compromissos referentes à partilha de informação, no estrito cumprimento da legislação em vigor, com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e o Instituto Nacional de Estatística (INE), à semelhança do que se estabeleceu com o Turismo de Portugal (estabelecer um processo de partilha de informação conducente à respetiva monitorização do autocaravanismo em Portugal e, em concreto, da atividade das ASAs).
Em síntese, o trabalho desenvolvido pela FCMP, na primeira fase, pode sistematizar-se através:
- Estudo sobre o Autocaravanismo em Portugal;
- Base de Dados das Áreas de Acolhimento/
- Parqueamento de Autocaravanas (excluindo-se os Parques de Campismo e Caravanismo);
- Portal Público Promocional que integra as Áreas de Serviço para Autocaravanas (ASAs);
- App que integra as Áreas de Serviço para Autocaravanas (ASAs);
- Módulo/ Interface de Reservas das Áreas de Serviço para Autocaravanas (ASAs).
João Valente.